Sobre o  bestseller de Dan Brown, The Da Vinci Code

O Priorado de Sião

Dan Brown anuncia, na página de abertura do Código da Vinci, que o Priorado de São é uma organização real, fundada em 1099, e que pergaminhos depositados na Biblioteca Nacional de Paris revelam uma lista de expoentes nas áreas de literatura, artes e ciência que teiram sido seus membros. O Priorado certamente é uma organização real, porém é dificil dizer o que mais pode ser afirmado a seu respeito com certeza. O grupo pode assegurar que surgiu na Françaem 1956 , quando registrou seus estatutos e os submeteu ao governo para oficialização. Durante a maior parte de sua história contemporânea, seu principal representante foi Pierre Plantard, um homem cujas afirmações a respeito de si mesmo foram tão confusas quanto as que fez sobre o Priorado.

Temos, no que sizem estar contido nos Dossiês secretos e nas declarações públicas de Plantard e seus associados, apenas um esboço da história do Priorado. Essa Organização secreta teria sido fundada na última década do século XI por Godofredo de Bouillon. O grupo diz que Bérenger Saunière descobriu os pergaminhos que deram origem à controvérsia em torno de Rennes-le-Cháteau obedecendo a ordens do Priorado. E lista uma série de grão-mestres, a partir da cisão, em 1188, com os templários, chegando a Thomas Plantard, filho de Pierre. Essas teorias são demasiado numerosas para serem listadas, mas o Código da Vinci é baseado em uma das mais famosas e mais persistentes delas, descrita exaustivamente em O Santo Graal e a linhagem sagrada: a de que é um antigo grardião da linhagem sanguínea de Cristo e Maria Madalena. Outras teses sustentam que o Priorado serve como fachada para diversas organizações esotéricas. Há ainda os que acreditam que o grupo defende uma teocracia dos "Estados Unidos da Europa".

Todas as acusações sobre a real origem ounatureza dessa sociedade, da mais simples à mais esdrúxula, têm sido contestadas por declarações do Priorado e de seus defensores. Parece que essa organização existe no contexto do que um estudioso chamou de "inferno hermenêutico" - uma terra fantasiosa de interpretações, hipóteses e evidências que, por sua pròpria abrangência e indefinição, parece impossibitar a determinação de qualquer verdade. Talvez seja essa a essência do contínuo apelo que o Priorado suscita: suas própria natureza. até onde sabemos, é tão indefinida como interpretações, suas próprias esperanças, medos e fantasias.

Revisão do Mito

Em 1989, Pierre Plantard, desgastado pela progressiva divulgação em França da natureza fraudulenta da sua criação, decidiu negar a teoria de que o Priorado de Sião dataria de 1099 e teria sido fundado por Godofredo de Bulhão, mudando a data de fundação para o dia 17 de Janeiro de 1681. Segundo esta nova versão de Plantard, o Priorado teria sido criado nesta data, em Rennes-le-Château, por Jean-Timoleon Negri d'Ables.

Pierre Plantard confessou perante a Justiça Francesa em 1993 (mais concretamente, ao juíz Thierry-Jean Pierre, no âmbito do processo Roger-Patrice Pelat[15] ) ter criado esta sociedade com o objetivo de o legitimar para o trono de França como descendente Merovíngio.

Em 1982, Lincoln, Baigent e Leigh, aproveitando a sugestão de Plantard e Chérisey de que os Merovíngios descenderiam da Casa de David, fariam com a sua obra O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, a sugestão hipotética de que estes monarcas descenderiam de Jesus Cristo. Ao saber desta hipótese, Plantard rejeitou-a publicamente na comunicação social francesa, afirmando que os anglo-saxónicos se estavam a aproveitar das suas teorias[

Numerosos autores acrescentaram detalhes a este mito moderno, mesmo após a revisão do mito em 1989 e a confissão de Plantard em 1993, criando um entrecruzamento sem fim de teorias e contra-teorias. Umberto Eco, na sua novela de 1988 o Pêndulo de Foucault, satirizou o sistema de associação sem provas que constitui o fundamento da pretensa sociedade secreta, e de modo geral, a forma de fazer pseudo-história que pode ser encontrada em tantas obras que se inspiraram na fraude do Priorado e nas teorias de Lincoln, Baigent e Leigh.